segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Caminheiros


Na correria cotidiana, dividido entre vários locais de trabalho em cidades diferentes, estou sempre na estrada. Aliás, nunca trabalhei tanto. Carros, motos, paisagem e relógio disputam minha atenção ao volante. Porém, nada atrai tanto para si meu espírito quanto as pessoas que caminham na beira da pista, solitárias, sem pressa, indiferentes ao tráfego e ao tempo, pensadoras...

Admiro os caminhantes: são eles os verdadeiros filósofos. São eles que, impassíveis, mesmo sob um sol de rachar e ao barulho do trânsito contíguo, mantêm firme e contínua a marcha poética dos pés e da mente. Em que pensam exatamente, não sei.

Conhecer a reflexão destes que perambulam pelos acostamentos talvez seja uma necessidade natural nestes tempos abarrotados de pensadores “eruditos” (aqueles que inventam conceitos novos e os difundem internet adentro para definir tudo aquilo que já tinha sido devidamente conceituado; que consideram demodè ponderar sobre existencialismo, marxismo, teologia e tudo quanto não seja pós-estruturalismo; que elaboram uma linguagem técnico-filosófica própria e fazem com que os demais se submetam a ela; que se esquecem, porém, que seja-lhes necessário morrer cedo: é que os eruditos verdadeiros já descansam em paz há muito tempo). Já estou farto destes “teóricos” repetitivos, iguais, estáticos.

Pra saber do que falo, bastaria lembrar que Sócrates filosofava e ensinava caminhando; Sidarta (que nasceu enquanto a mãe peregrinava) vagabundou um tempão pela Índia; Jesus fez o mesmo na Palestina e não parou nem no sábado. Por isso, insisto: a verdadeira filosofia se faz caminhando, porque quem caminha pensa.

Quem sabe, não estejam por aí outros grandes caminhantes. Gostaria de saber, pelo menos uma vez, o pensamento de tais filósofos silenciosos. Talvez seja a hora de eu começar a caminhar também...

Um comentário:

Grace Teles disse...

Tenho sido eu também uma peregrina...
Já percorri vários caminhos, e a cada dia dia bifurcam-se novas estradas à minha frente...
Santiago de Compostela, Caminho do Sol, Peabiru, São Paulo - Embu das Artes, ou simplesmente até o Pão de Açúcar próximo...
Descobri o movimento ...e desde então...não paro mais!

Abraço,

Grace Teles